PR2 SMP Trilho das Belas Vistas

A igreja de Fornelos serve de ponto de partida para o trilho das Belas Vistas, um percurso pedestre com cerca de 12,6 km. É aqui que os olhos fogem para as alturas, para o cume da serra onde a Capela da Nossa Senhora do Viso nos desafia as pernas e o alento, e é um convite mudo, mas claro, ao ânimo do caminhante. Ao percorrer estes quilómetros, que levam os audazes a pôr as pernas a caminho, de olhos postos nas desafiantes alturas, antecipam-se magnificas vistas. Mesmo antes de chegarmos ao cimo, a paisagem revela-se magnifica com povoações erguidas na colina ao lado e o Marão acenando mais acima, imponente na grandiosidade do seu granito. Lá em cima a respiração prende-se quando olhamos de frente o Marão. O trilho faz-se quase todo em natureza, na proteção das folhas das avelaneiras e dos castanheiros, pinheiros e carvalhos, dos sabugueiros de doces bagas e com um aromático ramalhete florido.

O Miradouro de São Pedro merece uma referência, dada a proximidade ao trilho das Belas Vistas. Localizado perto da localidade de Fontes e a 657 metros de altitude, oferece vistas deslumbrantes sobre a Serra do Marão e a região envolvente, numa perspetiva de 360 graus. O trilho começa a descer, mas as surpresas ainda não acabaram. Os montes perdem-se em onduladas linhas sucessivas, hesitantes entre o azul e o cinzento, onde a linearidade dos vinhedos se conjuga com o pontilhado das casas e dos olivais, em variação cromática consoante a estação do ano. Assim, o verde primaveril vai desmaiando em ocres e óxidos, em terras-de-sena e verdes secos no verão, em sépias quentes, em castanhos e negros sedutores no outono, até os possíveis brancos gélidos do inverno, que enfeitiçam o olhar dos fotógrafos e todas as almas sensíveis à beleza conjugada do espontâneo com o pensado.

Do alto destes 657m não há paisagem que não se consiga alcançar. Numa volta completa de 360º consegue-se contemplar desde Vila Real ao Peso da Régua, montanhas, encostas de vinhedos e vales verdejantes com algumas manchas de bosque e olival.

A freguesia de Fontes, situada na meia encosta desta elevação, foi, em tempos idos, um castro, posteriormente com ocupação Romana. Foi vila e sede de concelho até às reformas liberais de 1836.

É daqui bem visível a expressão dos floreados de pedra do Douro Vinhateiro. Os eventos geológicos que criaram a orografia da região conferiram-lhe distintos estilos de deformação, entre dobras apertadas e dobras mais amplas, mas ambas em direção semelhante. A transição entre estas duas regiões é breve, mas em continuidade e constitui aquilo que se designou Faixa de Transição Santa Marta de Penaguião – Ermida.

No eixo Marão – Vila Nova de Foz Côa, a deformação é menos intensa, criando ondulações mais amplas e menos acentuadas, mas com pontos intermédios de dobras intensas. É esta alternância que cria a estrutura em Flor do Douro, expressando-se nos vales bem encaixados entre as colinas, frequentemente de declive bem acentuado.