PR3 SMP Trilho Sra. da Serra

O trilho da Senhora da Serra tem uma extensão de percurso pedestre de cerca de 13,7 km e está integrado na Rede Municipal de Percursos Pedestres de Santa Marta de Penaguião. O percurso inicia-se na Capela de Soutelo e percorre a parte mais alta da Vila de Fontes, localizado em plena Serra do Marão. Trata-se de um caminho empedrado bordeado por vários exemplares da vegetação autóctone característica desta região: o tojo, a urze, a carqueja. É um caminho em ascensão por carreiros florestais e densos pinhais, avistando aqui e ali ravinas e escarpas de montada do Marão. No cume do caminho, a cerca de 1416m de altitude, ergue-se a ermida da Senhora da Serra do Marão, cuja romaria se conhece por ser a mais alta em Portugal. É um trilho que nos proporciona duas paisagens características e distintas de Santa Marta de Penaguião: a beleza da Serra do Marão e as paisagens vinhateiras.

Localizado na Serra do Marão, este trilho é dos mais belos a nível paisagístico e natural, rico na flora e fauna, onde poderemos encontrar vários exemplares destas lindas flores e plantas: Crocus carpetanus, Fritillaria nervosa, Hieracium amplexicaule, Murbeckiella sousae, Platanthera bifolia, Scilla verna, Scorzonera humilis, Tuberaria globulariifolia, Sorbus torminalis, Vaccinium myrtillus (mirtilos), entre outros. Passando por entre ribeiros, pinhais e paisagens intensas com desníveis acentuados, podemos avistar os típicos vinhedos em socalcos do Douro vinhateiro. Pelos ecos e sons emanados pela natureza poderemos encontrar as quedas de água entre as povoações de Soutelo e Póvoa da Serra.

O cume da Fraga da Ermida, outrora conhecido como o Monte de Penaguião, está a uma altitude de 1.397m.

Não sendo o ponto mais alto da serra, a paisagem que se avista deste cume ajuda a perceber com clareza o porquê da expressão “Para cá do Marão, mandam os que cá estão”.

Esta serra era o obstáculo que separava o Minho do território que, por ser tão difícil atravessar, ofereceu às terras a ocidente deste acidente orográfico a designação de Trás-los-Montes. As encostas escarpadas e os enormes declives foram, até ao séc. XIX, um obstáculo natural que complicava as viagens: para além do relevo acidentado, os invernos rigorosos e os muitos salteadores que aguardavam, a cada curva, oportunidade para novos saques, tornavam estas jornadas difíceis e perigosas.

A partir de 1880 passou a ser possível passar de Trás-os-Montes para o Minho de comboio. A viagem era, então, menos demorada, mas o seu custo era elevado para a generalidade das gentes de além Marão, maioritariamente trabalhadores agrícolas nas muitas vinhas da região do Douro Vinhateiro.

A pouca vegetação, o relevo difícil e a ação humana têm causado um grande impacto no número de espécies e efetivos de cada espécie.

O lobo-ibérico (Canis lupus signatus), espécie outrora caçada em grande número no dia de S. João, tem vindo a reocupar o seu território, mas é ainda uma espécie prioritária, que continua em perigo de extinção.

Outras espécies ameaçadas neste habitat são a águia-real (Aquila chrysaetos), com um único casal a nidificar no território e o morcego-de-peluche (Miniopterus schreibersii), espécie ameaçada em Portugal e referida como espécie em risco de colisão com aerogeradores.

Entre as aves mais frequentes estão o andorinhão-pálido (Apus pallidus), a águia-de-asa-redonda (Buteo buteo) e o tentilhão (Fringilla coelebs).

O trepa-fragas (Tichodroma muraria), ave considerada uma das mais raras em Portugal, foi avistada nas escarpas da fraga em dezembro de 2015.