PR4 SMP Trilho do Aguilhão

Com a Igreja de Louredo no ponto de partida depressa o declive do solo nos convida a descer o caminho estreito de terra, mas que permite um caminhar regular e fácil. Não se espante se, um ponto mais a baixo, em pleno Verão, encontrar uma borboleta-colibri ou qualquer espécie de lepidóptero em voo rendilhado, procurando o néctar dourado nas flores. É que Louredo é rica em várias espécies de plantas e, ao longo de todo o trilho, vemos as borboletas a sobrevoar a aquilégia, a salgueirinha, a eupatória, entre outras das muitas espécies que emolduram o percurso na Primavera, no Verão e mesmo Outono dentro. Seja como for, antes de iniciar a subida, que o levará até onde poderá observar o ponto de início do trilho, contemple o percurso marcado pela igreja no topo que mais parece um braço estendido diretamente para o céu. Mais acima, e à medida que vamos adquirindo altitude, surgem os cumes montanhosos, sobrepondo-se no horizonte que parece não ter fim. As riscas formadas pelos milhões de videiras desenham curvas de nível nas saliências e reentrâncias das encostas conferindo-lhes uma volumetria inigualável, um recorte e uma geometria singulares. 

Por entre as dobras das encostas surgem, quase irreais, pequenas habitações de xisto, adornadas por patamares murados da mesma pedra que serviu para construir a casa, com videiras e uma ou outra figueira e laranjeira. Parecem brinquedos em tamanho real. E assim o trilho vai subindo por entre os povoados de gente simpática. Por fim, iniciamos a descida que nos conduz de novo ao Aguilhão. Acompanhamos o seu curso durante algumas dezenas de metros, já na subida para a igreja, que nos aguarda. Ao longo da margem as árvores estendem as suas ramagens coloridas, entre o outono tardio e o início do inverno, estações onde se podem ver também algumas variedades de cogumelos a surgir do solo húmido.

Vale sempre a pena observar esta beleza diversa que nos oferecem durante o ano. Castanheiros, carvalhos, medronheiros, o omnipresente pinheiro-bravo, freixos, salgueiros e muitas outras espécies embelezam a paisagem bonita de Louredo. A flora, sendo rica, atrai aves e insetos, fazendo com que o trilho pareça curto, pois todas estas maravilhas da natureza dialogam connosco ao longo de todo o percurso.

O Aguilhão entra na mesa das gentes também pelos variados pratos de peixe.

Frito, em escabeche ou em migas, o peixe do rio ainda é presença assídua, sendo a truta-fário um dos seus expoentes máximos.

Atualmente considerada uma espécie Criticamente em Perigo, a Salmo trutta fario apresenta aqui apenas a forma sedentária, que não ruma ao mar para a desova. Alimenta-se de invertebrados, insetos alados, anfíbios e outros peixes.

Os estudos mais recentes apontam para o desaparecimento de metade do seu habitat na Península Ibérica até 2040 e o provável desaparecimento da espécie até 2100, em resultado da poluição, das alterações climáticas, da extração de água para rega e do excesso de pesca.

O ICNF, assim como o Município de Santa Marta de Penaguião têm procedido a reintroduções desta espécie no Aguilhão, estando apenas autorizada a pesca desportiva, com devolução obrigatória ao rio.