Sabores e Saberes

Vila Real

Artes e Ofícios

Olaria Negra de Bisalhães

Desde 29 de Novembro de 2016 o mesmo processo de confeção está inscrito na Lista do Património Cultural Imaterial que Necessita de Salvaguarda Urgente da UNESCO, decisão tomada na 11.ª reunião do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, realizada em Adis Abeba, capital da Etiópia. Depois de, em 5 de Março de 2015, o processo de confeção da Louça Preta de Bisalhães ter sido reconhecido como Património Cultural Nacional, por publicação em Diário da República e inscrição no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, o Município de Vila Real decidiu avançar com a candidatura desta ancestral tradição à Lista do Património Cultural Imaterial que Necessita de Salvaguarda Urgente da UNESCO. Este processo complexo demorou mais de um ano a ser completado, mas chegou ao final com a notícia que todos aguardavam. Este reconhecimento internacional possibilitará partilhar o conhecimento ancestral dos Oleiros de Bisalhães com o Mundo, para além de motivar a implementação de um amplo plano de salvaguarda que o Município de Vila Real idealizou, que vai desde a formação de oleiros, passando pela certificação do processo e até ao incentivo do surgimento de novas utilizações e designs para este material único.

Linhos de Agarez

Regra geral, todas as casas de lavoura da região dispunham, no passado, de um tear, de que ainda podemos ver vestígios em certas aldeias, como Agarez, Mondrões, Couto (Adoufe) e Mateus, onde algumas artesãs continuam a trabalhar o linho. Hoje, é raro o cultivo local da planta, mas as fases subsequentes – ripar, espadelar, fiar e tecer, são ainda praticadas. Trata-se de um tipo de artesanato extremamente apreciado, nomeadamente as colchas e as toalhas.

Latoaria

Esta atividade recorre a materiais como a lata, o estanho, o aço e a folha-de-flandres, que são moldados e manuseados, fazendo uso de ferramentas tradicionais e dando origem às mais variadas peças – regadores, almotolias, talhas, baldes, candeias, etc.

Mesa de Vila Real

Maronesa DOP

A Carne Maronesa DOP é obtida a partir de bovinos da raça Maronesa, provenientes da área delimitada pelas serras do Marão, Alvão e Padrela. Trata-se de uma carne de gordura branca a branco marfim, conforme se trate de vitela ou animal adulto. O músculo possui cor rosa a vermelha escura, também de acordo com a idade do animal. A raça Maronesa define-se como uma raça de montanha, primitiva, natural e rústica. Tem como principais particularidades físicas a pelagem castanha escura a negra e o tufão de cabelo na cabeça, de cor mais clara. Estes bovinos são responsáveis pelo aroma simples e delicado, extremamente saboroso e suculento da carne Maronesa DOP.

Tripas aos molhos

Enrolar pedaços de bucho e tripa de vaca com presunto e um ramo de salsa no meio. Cozinhar por um par de horas para que fique tenra e saborosa. A tripa deve ser muito bem lavada, com agua a ferver e passada muitas vezes por limão para apagar qualquer sabor desagradável. Fazer o mesmo com o bucho (estômago) da vaca. Depois, cortar o bucho aos quadradinhos e acrescentar a cada quadrado um pedaço de presunto, com a grossura de um dedo e um pezinho de salsa. Enrolar tudo com a tripa fina, finalizando com um laço.

Covilhetes

Os Covilhetes são uma espécie de empadas que devem o seu nome à pequena forma de barro preto (de Bisalhães) em que eram levados ao forno. Hoje em dia, o molde já não é de barro, mas o nome mantém-se. A tradição desta especialidade é muito antiga e está ligada às festas de Santo António, do Senhor do Calvário e da Senhora da Almodena, que eram as únicas ocasiões de venda desta especialidade. Desde o séc. XIX que os Covilhetes começaram a ganhar notoriedade na Gastronomia Vila-Realense, havendo pessoas que os vendiam pelas ruas da Cidade em tabuleiros cobertos com panos de linho. Atualmente, podem ser comprados Covilhetes numa qualquer pastelaria de Vila Real, pois são comercializados diariamente.

Cristas de Galo

As Cristas de Galo são um pastel conventual, elaborado de forma artesanal, típico da cidade de Vila Real, cujo formato é exatamente o de uma crista de galo. A massa é recheada com doce à base de amêndoa e ovos. Depois da cozedura no forno e prontos, os pastéis são polvilhados com açúcar. Os pastéis de toucinho, também conhecidos por pastéis de Vila Real e, mais recentemente, por cristas ou cristas de galo, são uma criação das monjas do Convento de Nossa Senhora do Amparo, da Ordem de Santa Clara e certamente uma das especialidades mais representativas da doçaria conventual vila-realense. 

Pitos de Santa Luzia

Bolos preparados com massa tenra feita com farinha, açúcar, banha, ovos e sal, tendo 6cm de lado, com cerca de 3 cm de altura. Os bolos têm mais ou menos a forma de pirâmide quadrangular ou trouxa da lavadeira, que são feitos a partir de um quadrado de massa cujas pontas são repuxadas para o centro e para cima. A massa tenra é recheada com doce de abóbora e canela (preparado com abóbora eúcar, sendo o açúcar metade do peso da abóbora e condimentado com canela e pimenta). 

Cavacórios

Os Cavacórios apresentam-se em forma côncava, semelhantes a uma taça que, conjuntamente com as Bexigas, fazem parte dos doces típicos das festas em honra de São Lázaro, que é considerado o protetor contra as doenças de pele (varíola, bexigas e outras).

Ganchas de São Brás

A 3 de Fevereiro de cada ano, faz-se uma festa em honra de São Brás na Igreja de São Dinis, em Vila Real, em que os que fazem ou cumprem promessas dão a volta ao cemitério, às arrecuas, “sem abrir a boca ou dizer palavra para não entrar enguiço”. A esta tradição, está ligada a de Santa Luzia quando, a 13 de Dezembro, as raparigas compram Pitos para oferecer aos rapazes. Estes retribuem o presente a 3 de Fevereiro, dando Ganchas às raparigas, simbolizando talvez “um gancho para apanhar raparigas com vontade de namorar”.

Vinhos

Protegida dos ventos atlânticos pelo maciço montanhoso do Marão, a bacia hidrográfica do Baixo Cargo, formada por vales agrestes e apertados, dispõe de um microclima singular que, aliado à natureza do seu solo xistoso, permite que as vinhas cultivadas por processos tradicionais, produzam uvas de excelente qualidade. No seculo XVIII, em 1756, as características únicas da região levam o Marquês de Pombal a instituir a Região Demarcada do Douro, a primeira região do mundo a ser definida e regulamentada com vista a proteger as qualidades inimitáveis dos vinhos aí produzidos. Importa ainda mencionar, que o concelho de Vila Real dá imagem a vários vinhos cuja qualidade é conhecida e reconhecida internacionalmente. Exemplo disso é o famoso Mateus Rosé, que desde a sua origem traz no rótulo a célebre Casa de Mateus e, mais recentemente, os vinhos da Adega de Vila Real, distinguida nacional e internacionalmente em diferentes concursos da especialidade.

Partilhe em: